quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Anjos e Demônios": primeiras impressões


Após a cabine de Anjos e Demônios, que estréia dia 15, surgem as primeiras impressões. De cara uma constatação. Vamos assistir Anjos e Demônios com uma expectativa reduzida em relação à O Código Da Vinci. Não há mais a pressão de confirmar na tela um sucesso mundial das letras. E, convenhamos, a primeira transposição da obra de Dan Brown para o cinema deixou a desejar, mas nem por isso deixou de fazer uma fortuna nas bilheterias. Passados três anos Ron Howard volta ao universo do professor Langdon, sabendo onde pisa, atento às armadilhas que uma adaptação literária impõe, especialmente de um texto tão linear e descritivo como o do autor.
Podemos começar pelo próprio professos Robert Langdon, mais uma vez interpretado por Tom Hanks, agora sem aquele corte de cabelo que chamava mais atenção do que os mistérios revelados na trama. Hanks parece mais a vontade e relaxado no papel. Perdeu um pouco o ar professoral (não poderia ser diferente) e adicionou um tom a mais de ironia ao personagem. Curiosidade para quem não conhece os originais: nos livros a história de Anjos e Demônios é anterior à de O Código Da Vinci. Mas no cinema sucede à aventura de estreia de Langdon. Inclusive há indicações no roteiro que se referem aos problemas da Igreja católica com o especialista em simbologia, por conta das revelações da linhagem sagrada de Jesus, ocorridas na história anterior.
Os livros de Dan Brown, como já citado, privilegiam a ação descritiva e um volume imenso de informações que precisam ser digeridos pelo leitor antes de virar a página. Particularmente em O Código Da Vinci. Este é um dos problemas para a adaptação de sua obra para as telas. Apesar de contar com ritmo e ação, que sempre ficam bem quando se trata de cinema, existe uma questão que se refere ao texto em si. Suponho que haja alguma dificuldade do público que não leu o livro em acompanhar todo o referencial histórico de datas, fatos, lugares e personagens que o diretor Ron Howard se vê obrigado a lançar mão para colocar seu roteiro em pé. É sob esse referencial histórico-científico (digamos assim) que se estruturam as narrativas de Dan Brown. Inegavelmente existe uma dificuldade imensa em transpor tudo isto para um filme e dar uma aparência geral de coerência. Esta dificuldade do diretor Ron Howard ficou muito evidente em O Código Da Vinci, a ponto de prejudicar o resultado final. No entanto, em Anjos e Demônios este problema foi sensivelmente minimizado, e a história transcorre sem grandes traumas para o espectador não iniciado nas tramas labirínticas do autor. Resumo da ópera: Anjos e Demônios parece uma realização mais plena e redonda do que O Código Da Vinci.

quinta-feira, 7 de maio de 2009