segunda-feira, 15 de junho de 2009

Gandhi x E.T.


Uma das questões mais recorrentes nas premiações do Oscar são as injustiças históricas cometidas pela Academia. Uma das mais lembradas foi a entrega do Oscar de Melhor Filme de 1982 para Gandhi no mesmo ano em que E.T. estava na competição. Passados os anos o equívoco ficou ainda mais evidente. O filme de Spielberg assumiu a categoria de clássico de todas as idades, e a cinebiografia do líder indiano foi praticamente relegada ao esquecimento. Com alguma injustiça, diga-se a bem da verdade. Em comemoração aos 25 anos do filme foi lançada em DVD uma edição especial (dupla) de Gandhi, repleta de extras que reconstituem todo o processo de construção do épico, com o olhar crítico potencializado pela passagem do tempo. Em uma das intervenções do longo depoimento do diretor Richard Attenborough, nas entrevistas incluídas nos extras, o cineasta declara, com generosa sinceridade, que o filme de Spielberg é que deveria ser o grande vencedor do Oscar daquele ano. Não lamenta, é claro, a penca de prêmios que conquistou (foram 8). Mas reconhece que E.T., como obra cinematográfica, é uma realização mais completa e significativa do que seu épico histórico, produzido dentro dos padrões do cinema clássico. A escolha de Gandhi como vencedor do Oscar de melhor filme daquele ano sem dúvida se deve mais ao valor do homem e seu significado para a humanidade, do que por seus méritos como realização cinematográfica. Pode-se dizer que o Oscar foi para Gandhi, o homem, e não para Gandhi, o filme. Naquele contexto, portanto, E.T. pareceu piegas demais. Curiosamente Steven Spielberg e Richard Attenborough acabaram trabalhando juntos anos depois em Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros.

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